Sou filho de um berço,
que é feito de palha, e cheira a verdura...
Sou fruto de um Maio,
coberto de flores, chorando a censura...
Sou eterno gaiato,
que brinca nos campos, a brincar com nada...
Sou força de um tempo,
que um dia sorriu, e se fez alvorada...
Sou sonho que emerge,
por entre o restolho, e se esvai no pousio...
Sou conto sem fadas,
que avança no tempo, que não se contou...
Sou grito da alma,
que brada no céu, e cai no vazio...
Sou poeta que avança,
por entre o destino, sem saber quem Sou...
(2004)
António Prates - In Sesta Grande