domingo, 8 de maio de 2067

Brados de um Ser

Sou filho de um berço,
que é feito de palha, e cheira a verdura...

Sou fruto de um Maio,
coberto de flores, chorando a censura...

Sou eterno gaiato,
que brinca nos campos, a brincar com nada...

Sou força de um tempo,
que um dia sorriu, e se fez alvorada...

Sou sonho que emerge,
por entre o restolho, e se esvai no pousio...

Sou conto sem fadas,
que avança no tempo, que não se contou...

Sou grito da alma,
que brada no céu, e cai no vazio...

Sou poeta que avança,
por entre o destino, sem saber quem Sou...

(2004)

António Prates - In Sesta Grande