Sou um eviterno vagabundo,
nesta vida consumida pelo medo…
Olho p`rá vida, vejo um tecto moribundo
cheio de restos, de prisão e de degredo…
Apalpo os dias, que me passam ao redor,
com a vontade que me dá o velho tacto…
Provo premissas sem tempero e sem sabor,
feitas de um rosto macilento e abstracto…
Nado o percurso sinuoso, aos solavancos,
nesses atalhos procriados nos invernos…
Passo barreiras, rodeadas por barrancos,
pelas ombreiras lá dos quintos dos infernos…
Fiz-me um ser errante, emaranhado,
deambulando pela dita paz no mundo…
Sou fora daqui, sou de outro lado…
Sou um eviterno vagabundo…
(2008)
António Prates - In Sesta Grande