domingo, 8 de maio de 2067

Aldeia da Nora

És singela e meiguinha,
ao teu nome estou ligado;
corre Nora direitinha
às memórias do passado...

I
Quando ando no teu chão,
ou te recordo à distância,
lembro mais a minha infância,
bate mais meu coração...
Em cada palmo uma lição,
por cada vereda velhinha;
consumiste o que eu tinha,
em cada gota de energia...
És saudade, és nostalgia,
és singela e meiguinha...

II
Ao percorrer os olivais,
- divididos por velados -
os carrascos e os silvados
Permanecem quase iguais...
Vejo a fruta nos quintais,
como um sonho recordado...
Vou seguindo, emocionado,
pelo oásis verdejante, -
para mim foste marcante,
ao teu nome estou ligado...

III
Em cada horta requintada
há trabalho e há suor;
entre os calos e o calor,
guardo marcas da enxada;
na paisagem desbravada,
que dá vida e acarinha,
a saudade me encaminha
ao encontro da História...
Alcatruzes são memória,
corre Nora direitinha...

IV
Aos Amigos, que respeito,
um abraço sempre eterno,
num sentimento fraterno
conservado por direito;
estão dentro do meu peito,
o seu nome está gravado, -
vejo ali o meu condado,
outrora o meu doce lar,
que me leva a viajar
às memórias do passado...

(1999)

António Prates
In Sesta Grande