Os campos que trilhei por brincadeira,
nos prados, nas searas, nos pousios;
as ribeiras, os montados, os baldios,
a companhia de um pião na algibeira...
Aqueles tempos no Algarve desconhecido,
um outro dia em que foi tudo por um triz...
As consequências do que fui e do que fiz,
nesses momentos, sem razão e sem sentido...
As bebedeiras, os futebóis, um desatino,
essas tais farras nessas noites malogradas;
e as cantorias pelas altas madrugadas,
junto aos amigos, já sumidos no destino...
A devoção às realidades pretendidas,
criando versos por impulso ou por paixão;
recordo ainda aquela outra situação,
em que marchei por entre vozes repetidas...
Quando lembro esses momentos mencionados,
sou a criança que pensou que não crescia;
Sinto a saudade, um tremor, a nostalgia,
nestes momentos revividos e recordados...
(2004)
António Prates - In Sesta Grande