Pulula a velha inveja pelas veias,
ali, aos solavancos, na cabeça;
adoida a sensatez de cada peça,
moendo o fraco eixo das ideias…
Afecta velhos novos magros gordos,
e aquela ruiva loira que é morena;
possui a laia grande - laia pequena -
com marcas da invídia nos rebordos…
Lá está, na condição do abastado,
no lucro capital de um lambe-botas;
empresta o seu tributo aos idiotas,
e aos homens de estatuto fabricado…
Insiste e vai até fim do mundo,
com essa agitação empedernida;
Difunde o seu veneno em cada vida,
perfaz o seu desígnio furibundo…
É tanta tanta inveja, essa má sorte,
no génio que a cabeça tem de sobra.
Se alguém contém sucesso em sua obra,
provará do seu veneno até à morte…
E aquando das exéquias benfeitoras,
o mau é bom de mais pra ser verdade;
bendita seja a morte na Humanidade,
que apaga a velha inveja fora d`horas…
(2012)
António Prates - In Sesta Grande